sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pastor e Rebanho no AT. Javé, chefe e pai do rebanho. - Contrariamente ao que se poderia pensar, Javé não traz quase nunca o título de pastor: duas designações antigas ( 49,24; 48,15; ) e duas invocações do saltério ( Sl 23,1; 80,2; ). O título parece reservado Àquele que deve vir. Por outro lado se esse titulo não é alegoricamente transferido a javé, pode-se descrever em uma verdadeira parábola do bom pastor as relações de Deus com o seu povo. Por ocasião do Êxodo ele tangeu o seu povo como ovelhas ( Sl 95,7 ), como um rebanho no deserto ( Sl 78,52s ). Assim como um pastor que apascenta o seu rebanho pega em seus braços os cordeiros e os põe sobre o peito, e leva ao descanso as ovelhas mães. ( Is 40,11 ), assim Javé continua a conduzir o seu povo ( Sl 80,2 ). É verdade, Israel mais parece uma novilha renitente que um cordeiro numa campina ( Os 4,16 ); terá que partir cativo ( Jr 13,17 ). Então de novo, Javé os “guiará para as águas borbulhantes” ( Is 49,10 ), reunindo as ovelhas dispersas ( Is 56,8 ) “com um assovio” ( Zc 10,8 ). Ele mostrará a mesma solicitude para com cada fiel, que de nada sente falta e nada tem a temer sob o cajado de Deus ( Sl 23,1-4 ). Em fim a sua misericórdia se estende a todas as gerações. O Rebanho e Seus Pastores O Senhor confia a seus servos as ovelhas que ele mesmo apascenta ( Sl 100,3; 79,213; 74,1; Mi 7,11 ) ele as guia pelas mãos de Moises ( Sl 77,21 ) e, para evitar que a comunidade de Javé fique sem pastor, designa Josué como chefe depois de Moises ( Nr 27,15-20 ; ele tira Davi de detrás do redil das ovelhas par fazê-lo apascentar seu povo ( 78,70ss; 2S 7,8; 24,7 ). Enquanto recebem o título de pastor os juízes ( 2S 7,7 ). Os chefes do povo ( Jr 2,8 ) e os príncipes das nações ( Jr 25,34ss; Na 3,18; Is 44,28; ), este como no caso de Javé não é expressamente dado aos reis de Israel; essa função, contudo, lhes é atribuída ( 1R 22,17; Jr 23,1-2; Ez 34,1-10 ).É, porque, com efeito, o titulo é reservado ao novo Davi, constituindo assim um elemento da esperança escatológica. Essa é a mensagem de Ezequiel, preparada pela de Jeremias: Javé retoma a direção de seu rebanho e irá confiá-lo ao seu Messias. Os pastores de Israel, com efeito, se mostraram infiéis à sua missão. Não buscaram Javé ( Jr 10,21 ), revoltaram-se contra Ele ( Jr 2,8 ), não se ocupando do rebanho, mas apascentando a si próprios ( Ez 34,3 ), deixando as ovelhas se tresmalharem e se dispersarem ( Jr 23,1ss; 50,6; Ez 34,1-10 ). “todos estes pastores serão pasto do vento” ( Jr 22,22 ). Segundo o augúrio do profeta (Mi 7,14ss), Javé assumirá o rebanho ( Jr 23,3 ) irá reuni-lo, ( Mi 4,6 ) reconduzi-lo ( Jr 50,19 ), e guardá-lo ( Jr 31,10; Ez 34,11-22 ). E então, tentará provê-lo de pastores segundo o seu coração, que apascentarão com inteligência e sabedoria” ( Jr 3,15 23,4); e enfim, segundo Ezequiel, não haverá mais senão um só pastor, novo Davi, com Javé como Deus ( Ez 34,23s ): tal será o rebanho que eu apascento ( Ez 34,31 ) e que se multiplicará ( Ez 36,37 ) : sob esse único pastor, Judá e Israel, outrora inimigos, serão unificados ( Ez 37,22.24; Mi 2,12s ). Contudo, depois do exilio, os pastores da comunidade não correspondem à expectativa de Javé, e Zacarias retoma a polêmica contra eles, anunciando o destino do pastor futuro. Javé irá visitar em sua ira esses maus pastores ( Zc 10,3; 11,4-17 ) e brandir a espada ( Zc 13,7 ); do Israel assim purificado sobreviverá um Resto ( Zc 13,8s ). O contexto da profecia convida a ver no pastor que é ferido ( Zc 13,7 ) não o Pastor insensato ( ZC 11,15ss ) e sim o “transpassado” ( Zc 12,10). Esse Pastor se identifica concretamente com o servo que, como uma ovelha muda, deve justificar com o seu sacrifício as ovelhas dispersas ( Is 53,6s.11s ).

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