segunda-feira, 12 de novembro de 2012

NOVA EVANGELIZAçÂO


                  NOVA  EVANGELIZAÇÃO E  INICIAÇÃO CRISTÃ

            Participei de uma palestra sobre pastoral paroquial na Faculdade Nossa senhora Da Assunção, no bairro Ipiranga, lá pelos anos de 1985 em São Paulo, proferida por Dão Paulo Evaristo Arns, entre os muitos conteúdos que deixou aos alunos naquele dia, não esqueço nunca  essa colocação: “Quando dou posse a um pároco na minha Arquidiocese digo: Não esqueça, padre, que por esta paróquia já passou Pe Jose de Anchieta.” As vezes nós presbíteros, temos a tentação de achar que devemos mexer em tudo, mudar tudo quando chegamos numa paróquia, a Igreja local tem sua história e seus valores, não devemos mudar ao sabor dos ventos. Nela, é proclamado, todos os dias, o Santo Evangelho, e o Evangelho de Cristo é sempre novo. Nela está a Eucaristia, e Jesus é o mesmo ontem hoje e sempre. É bom lembrar que a Santa Mãe  Igreja não toma decisões importantes apenas para o amanhã, o que ela pensa e decide é para séculos. Ela lida com a verdade, e a verdade é imutável.
          Jesus não abriu mão da verdade para agradar ou  contentar ninguém.  “Esta palavra é dura demais” ( Jo 6,60) “Vós também quereis ir embora? ( Jo 6,67 ) A verdade é inegociável. Jesus pagou com a própria vida. A Igreja é o resto de Israel. Quem não acolhe a verdade de Cristo que passa pela Igreja, abandonando-a só tem a perder.
          O perigo que se corre em colocar em prática, a  Iniciação cristã, é o de querer criar uma Igreja de puros. Por outro lado, é de caráter de urgência que se invista numa catequese permanente. Embora, ela se dê, de forma bastante tranquila, nos movimentos e pastorais de nossas comunidades, Apostolado da Oração, legião de Maria, Cursilho, Focolares, Oficina de Oração,  RCC, Equipes de Nossa Senhora, e Catequese Paroquial e tantos outros. “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”. (At 4,34-35).  Esta multidão de fieis presente nos movimentos e pastorais, amigos de Jesus e de sua Igreja, forma um só coração e uma só alma. Isto não pode ser desprezado por nós Presbíteros da Santa mãe Igreja. A Igreja é sinal e sinal não pode ser maior que o corpo, é santa e pecadora, afirma Santo Agostinho. Nela temos quedas e reerguimentos, nada acontece por acaso, pois é governada pelo Espírito Santo.
          Quando se fala em iniciação cristã, entende que a partir daquele momento, o iniciado no mistério de Cristo, deverá continuamente progredir no conhecimento deste infinito mistério, que não esgota nos sacramentos recebidos, embora eles sejam de profunda valia para o cristão. Não gosto, quando alguns nos criticam dizendo que somos sacramentalistas. Lembre-se, que o sacramento imprime caráter. É uma ação de Cristo. Jamais poderá ser tratado em segundo plano, com o risco de perder a fonte da graça  de Deus. Sendo eles prioridades na Santa Mãe Igreja há mais de dois mil anos assim será até o fim. Se hoje deparamos com algumas sombras na vivencia cristã de alguns membros da Igreja que receberam os sacramentos, significa que esta planta não foi bem regada, ou faltou preparar  melhor o terreno. “Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os pés e, voltando-se, vos dilacerem.” Mt 7,6.
          Quando se fala em  Iniciação Crista dá se a impressão de que estamos partindo do zero, que nada subsiste e que estamos num vácuo, num vazio.
A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas. (Gn 1,2)   O teólogo Álvaro Barreiro diz:   “Tudo oque fizermos agora, não nos isenta de curvarmos sobre oque ja se elaborou no passado”. O nosso pecado, está em não debruçarmos sobre o patrimônio da fé tão bem elaborado e reelaborado na história da Igreja pelos Santos Padres, que a nossa teologia não aprofunda, por falte de tempo, acredito eu,  o tratado  de PATROLOGIA.  Muitos presbíteros por falta de conhecimento querem inventar coisas novas, quando na verdade já existem. Também, me refiro a Eclesiologia, uma cadeira que deveria ser tratada com mais dedicação, inclusive revendo a carga horária.  Os nossos seminários, onde os futuros presbíteros estão se preparando tem sempre uma vasta biblioteca, os seminaristas estão lá, por iniciativa da Igreja para se prepararem e estudam em tempo integral, ao termino da teologia percebe-se que tudo não passou de uma simples iniciação no mistério de Cristo e de sua Igreja. Bom seria se as dioceses  tivessem presbíteros, mestres e doutores de  diversas disciplinas, para orientar as comunidades paroquias, ajudando melhorar cada dia mais o vigor da fé do povo santo de Deus. "Pode porventura um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no buraco?"  Lc 6,39 Mas, temos uma escassez de padres, mal dá para atender as necessidades das paróquias.  O fato de nós presbíteros, não termos uma ciência profunda do mistério de Cristo e da sua Igreja e ficarmos devendo ao povo respostas claras e precisas, sobre vários questionamentos pertinentes a fé, não significa que estes substratos não existam. Por outro lado, é bom lembrar que os estudos são importantíssimos, mas, não foi na biblioteca dos mestres da Lei, nem nas escolas dos Rabinos, que Jesus recrutou os seus Apóstolos, mas na beira do mar da Galileia juntos dos pescadores rudes e sem domínio das letras. Pobres, analfabetos, porem ricos e doutores em humildade e amor.  “Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: "Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes? " Disse ele: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo". Disse Jesus: "Cuide dos meus cordeiros". ( Jo 21,15 )
          Ao se falar em iniciação cristã, cabem várias interrogações.
1 ) Como fazer?
2 ) Quando fazer?
3 ) Com quem fazer?
4 ) Como iniciar os que já foram iniciados?
5 ) Iniciar em que?
6 ) De onde partir?
7 ) Abordar quais aspectos?
8 ) É uma reeducação da fé e da vivência cristã?
9 ) Como conduzir esta iniciação?
10 ) Será em nível diocesano?
11) Será produzido um subsídio a nível diocesano?
12) Será normatizado?

          A Igreja católica é a Igreja de Cristo, porque tantos católicos não encontram nela sabor e respostas as suas inquietudes profundas? Onde está a falha? Onde estamos errando, Mestre? É a linguagem? Ou porque anunciamos a verdade, e a verdade dói? Quantos abandonam da noite para o dia uma vida inteira de Eucaristias, Missas, procissões, orações, terço, os Sacramentos, as liturgias?  Oque leva alguém a não perseverar na fé católica?  Ninguém despreza aquilo que ama, e ninguém ama aquilo que não conhece.
          O documento do Vaticano Segundo, com muita sabedoria nos faz entender que a Igreja é o povo de Deus. O povo de Deus é a Igreja de Cristo. Rebanho do Senhor. Povo organizado em comunidades de irmãos, pequenas, medias e grandes comunidades. Onde se celebra a Palavra e o Pão da Eucaristia. Sou Igreja a medida que me integro a uma comunidade eclesial. Sou povo de Deus quando estou em unidade de culto e de fé. A minha fé terá o mesma qualidade do primeiro católico e do último que pisar sobre esta terra. Temos a mesma seiva de Cristo. "Eu Sou a Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5. Uma comunidade que se diz Igreja sem a Palavra e a Eucaristia, com o passar do tempo morre. Não tem a vida de Cristo  e é danosa aos seus membros.
     A  Igreja Católica é a pérola escondida quem a encontra se alegra. "O Reino dos Céus é também semelhante a um negociante que busca pérolas preciosas, e tendo encontrado uma de grande preço, vai, vende tudo o que tem e a compra." “Meu  Reino não é deste mundo”, por isso a Igreja de Cristo não é bem aceita neste mundo. Maria, mãe da igreja intercedei por nós. Amém.

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